São Paulo — A convenção municipal do PSDB deste sábado (27/7) deve homologar a candidatura de José Luiz Datena à Prefeitura da capital, como já foi decidido na véspera pela cúpula nacional do partido, sob forte protesto de parte da militância tucana na cidade, em mais um episódio de fragmentação da sigla que atravessa uma profunda crise desde que perdeu o comando do governo do estado, em 2022, após 28 anos de hegemonia.

Integrantes de uma das alas do PSDB contrárias à candidatura do apresentador prometem fazer um protesto com 820 pessoas e carros de som na convenção, prevista para começar às 10h deste sábado, na Assembleia Legislativa (Alesp).

Com a indicação de Datena já definida pelo colegiado nacional, o que deve ser contestado por opositores na Justiça, a convenção paulistana deverá servir para que o partido oficialize o nome do vice da legenda. O nome deve ser apresentado pelo próprio Datena — os cotados são o ex-senador José Aníbal, que comanda o PSDB na capital, o ex-deputado federal Ricardo Trípoli, e o ex-vereador Mario Covas Neto, conhecido como Zuzinha.

O grupo contrário à indicação do apresentador contém lideranças de uma série de zonais da sigla na cidade. Eles defendem que o partido deveria manter a aliança feita nas eleições passadas com Ricardo Nunes (MDB) e compor a coligação que apoiará a reeleição do prefeito. A maioria deles tem cargo na Prefeitura.

Um dos organizadores da manifestação é o ex-presidente do diretório municipal do partido, Fernando Alfredo, destituído do posto por um litígio que fez os tucanos de São Paulo perderem o controle da legenda municipal em favor do diretório nacional da sigla.

Incertezas

Datena já se lançou pré-candidato, para cargos na Prefeitura e no Senado, em três ocasiões passadas. Esta é sua quarta promessa de ingresso na política.

As tentativas anteriores alimentaram rumores de que entrada na vida pública serviria para pressionar a TV Bandeirantes, onde o apresentador comanda um programa há anos, nas negociações de seu contrato.

Neste ano, contudo, ele afirmou ter negociado um salário 70% menor do que o atual para continuar empregado caso perca as eleições, como forma de afastar esses rumores.

Por outro lado, Datena já disse em duas ocasiões, nas últimas semanas, que poderia desistir de concorrer. Na última, se comparou ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que recentemente abriu mão da reeleição à Casa Branca.

Quem aposta na candidatura se apega ao fato de que Datena nunca foi tão longe em uma corrida eleitoral como desta vez. Nas outras pré-candidaturas, ele não chegou a fazer sabatinas nem a participar de convenções. Ele nunca havia participado de um corpo a corpo com o eleitorado, o que fez na semana passada com uma visita ao Mercado Municipal, na região central da cidade.

Disputas internas

O atual presidente do PSDB, Marconi Perillo, nomeou o ex-senador José Aníbal como presidente do diretório municipal da legenda no fim do ano passado. No posto, Aníbal costurou a vinda de Datena para o partido enquanto tucanos e membros do PSB negociavam uma chapa liderada pela deputada federal Tabata Amaral com o apresentador como vice. Contudo, o plano foi alterado para um voo solo do neotucano, lançado em junho.

O PSDB de São Paulo já protagonizou uma série de embates em sua convenção partidária. O caso mais notório foi em 2016, quando um militante terminou com as calças arreadas diante dos fotógrafos após uma troca de socos. Naquele ano, o ex-prefeito e ex-governador João Doria venceu a disputa interna pela candidatura à Prefeitura.

“Vamos ter carro de som e esse carro vai trazer todas as falas negativas que o Datena já teve em relação a tucanos como Bruno Covas, Rodrigo Garcia, o próprio Aécio Neves, que ele chama de ladrão e que deveria estar preso. Vamos lá para garantir nosso direito”, disse Fernando Alfredo.

“E, acima de tudo, convidar Datena para o debate. Quero ver o que ele pensa sobre a cidade de São Paulo, o que ele pensa sobre saúde, educação, porque até agora ele não falou nada”, disse.

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