São Paulo — Ainda fora da campanha de Ricardo Nunes (MDB), Jair Bolsonaro (PL) demorou todo o primeiro mês das eleições para gravar propagandas para a campanha do prefeito. Agora, ele vê sua relevância para o aliado ser rebaixada, após Nunes crescer nas pesquisas de intenção de voto sem sua ajuda, com a propaganda na TV e o suporte de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na visão de alguns aliados próximos ao prefeito, Nunes pode ir para o segundo turno sem a ajuda de Bolsonaro. Contudo, a campanha aguarda um novo gesto de aproximação do ex-presidente, como o que ocorreu na noite de quinta-feira (13/9), quando Bolsonaro apareceu de surpresa em um telão durante um jantar da candidatura de Nunes, que atraiu 1.200 pessoas no clube Monte Líbano, em Moema, zona sul.

A surpresa se deu poucas horas após a divulgação do resultado de uma pesquisa da empresa Datafolha, que mostrou Nunes com 27% das intenções de voto, cinco pontos a mais do que na semana anterior, empatado na liderança com Guilherme Boulos (PSol).

Vai e vem de campanhas

O ex-presidente havia concordado em apoiar Nunes no fim do ano passado, após pedidos de Tarcísio e de Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Mas nunca escondeu que o prefeito não era seu “candidato ideal”, conforme revelou a uma emissora de rádio do Rio Grande do Norte, às vésperas do início da campanha.

Há duas semanas, quando as pesquisas de intenção de voto apontaram a ascensão de Pablo Marçal (PRTB) — e até um possível atropelo do prefeito pelo ex-coach —, Bolsonaro fez gestos simpáticos ao adversário, como permitir que ele participasse do protesto contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na Avenida Paulista.

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Nunes durante caminhada na Lapa

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de SP, divulgando material de campanha
Nunes em visita a creche
Nunes em ação de rua
Nunes em evento no Secovi
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Nunes em evento da Abrasel

Campanha/Ricardo Nunes

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Nunes durante caminhada na Lapa

Campanha Ricardo Nunes

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Ricardo Nunes (MDB), prefeito de SP, divulgando material de campanha

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Nunes em visita a creche

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Nunes em ação de rua

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Nunes em evento no Secovi

Campanha Ricardo Nunes

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Nunes olha para planta de obra pública

Prefeitura de São Paulo

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Nunes durante visita à represa Billings

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Nunes cumprimenta paciente em unidade de saúde

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Nunes ao lado dos aliados Tarcísio de Freitas e Milton Leite

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Nunes na sala de reuniões do 5º andar da Prefeitura

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Nunes posa para foto com cozinheira

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Nunes dá a mão a funcionária pública no centro

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Marçal, porém, mostrou-se um aliado muito menos dócil do que Nunes. Enquanto o prefeito aceitou dar preferência a Bolsonaro na indicação do vice de sua chapa, Coronel Mello Araújo (PL), e abrir mão de qualquer protagonismo na manifestação de rua, o ex-coach fez uma chegada extravagante na Paulista, após o fim do comício, o que foi entendido por bolsonaristas como uma tentativa de roubar as atenções.

Gravações de campanha

Enquanto observava o vai e vem de Bolsonaro, Nunes aproveitou a vantagem de ter 66% do tempo de propaganda eleitoral gratuita tanto para frear Marçal, o que fez com ataques, quanto para crescer por conta própria, com uma campanha que destacou os pontos positivos de sua gestão.

O prefeito ainda pode contar com um cabo eleitoral que, segundo as pesquisas qualitativas da campanha, traz mais credibilidade do que o ex-presidente: Tarcísio, que participa de programas de TV, caminhadas de rua e realiza eventos próprios para pedir votos.

Ao longo de todo o mês, Nunes prometeu que Bolsonaro também participaria da campanha, fazendo gravações em dois locais da cidade: o Campo de Marte (transferido para a gestão federal no governo do ex-presidente, em troca da quitação da dívida da cidade com a União) e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), administrada pelo vice de Nunes na gestão passada.

Porém, a participação nunca ocorreu “por falta de agenda” do ex-presidente, segundo Nunes afirmou diversas vezes a jornalistas.

“Acho que ele tem que cuidar, evidentemente, do Brasil inteiro. Ele é o presidente do PL, o presidente de honra do PL. É uma grande liderança nacional da direita. E tem que cuidar de várias cidades pelo Brasil. A gente está tocando aqui, vai ter o momento certo em que ele virá. É questão de casar a agenda”, disse Nunes, na quarta-feira (11/9), durante um corpo a corpo com eleitores de Perus, na zona norte, ao lado de Tarcísio.

O papel de Bolsonaro para aliados de Nunes

Entre aliados de Nunes que participam de sua campanha, há o raciocínio, segundo apurado pelo Metrópoles, de que o principal papel que Bolsonaro deveria exercer na candidatura de Nunes já foi cumprido: evitar que outro candidato de direita fosse lançado pelos partidos políticos nas eleições.

Bolsonaro não impediu que Marçal fosse às urnas, mas sua candidatura não conta com apoio da classe política e, até o momento, não furou bolhas, na avaliação desses integrantes. O ex-coach conseguiu atrair parte dos eleitores do ex-presidente, contra sua vontade, mas teria alcançado um teto rebaixado por seu próprio índice de rejeição.

Por outro lado, parte do entorno de Nunes acredita, desde antes do início da campanha, que uma proximidade excessiva de Bolsonaro à imagem do prefeito poderia prejudicá-lo, dado que nem ele nem Tarcísio venceram na capital nas eleições passadas e as posições radicais do ex-presidente poderiam afastar eleitores.

Se Nunes mantiver a tendência de crescimento nas pesquisas ou estacionar em um patamar mais elevado, de acordo com essas avaliações, a chegada ao segundo turno poderia ocorrer por meios próprios, com Bolsonaro rebaixado a um aliado de peso menor na cidade.

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