Em uníssono, as fabricantes de automóveis anunciaram investimentos parrudíssimos no Brasil. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a cifra alcançará R$ 125 bilhões até 2032. Em meio a esse cenário de fartura, porém, a General Motors (GM) iniciou, na última semana, o processo de demissão de um grupo de funcionários de sua fábrica de São José dos Campos, no interior paulista.

Para acentuar a suposta contradição entre tais fatos, a própria GM informou, em janeiro, que investiria R$ 7 bilhões no país no período entre 2024 een 2028. O objetivo, disse a companhia, era avançar o no campo que definiu como “mobilidade sustentável”. Na avaliação de especialistas do setor, contudo, a incongruência entre cortes e aportes é só aparente.

Na avaliação do consultor Milad Kalume Neto, da Jato Brasil, a GM deve utilizar os recursos anunciados para “atualizar e ampliar seu portfólio de produtos” e, se tudo correr bem, “voltar a crescer”. “Em relação aos carros de passeio, por exemplo, ela vem perdendo participação de mercado nos últimos anos”, diz Kalume Neto.

De acordo com dados da Jato Brasil, a empresa chegou a deter 19% desse segmento em 2019. Em 2021, caiu para 13,1%. No ano seguinte, apresentou um desempenho melhor, atingindo 16,8%, mas voltou para 15,8% no ano passado. No acumulado até abril de 2024, o número está em 12,9%.

Demanda inferior

Uma análise semelhante é feita por Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, também especializada no setor automotivo. “O anúncio dos investimentos não significa que eles estejam em curso e que todas as montadoras tenham um desempenho semelhante”, diz. “E a GM está com uma demanda inferior à capacidade de sua fábrica.”

Pagliarini observa que a empresa pode precisar de uma renovação de produtos mais agressiva. “Ela veio com o novo Ônix há algum tempo, mas talvez os esforços não estejam sendo suficientes para atingir a projeção de vendas que a companhia tinha estimado”, afirma.

Grandes expectativas

Em relação aos investimentos, o maior deles foi anunciado pela Stellantis, dona da Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e outras 16 marcas, de R$ 30 bilhões, entre 2025 e 2030. O montante, no entanto, será aplicado em toda a América Latina. Para o Brasil, a Volkswagen mencionou um aporte de R$ 16 bilhões até 2028 e a Toyota, de R$ 11 bilhões até 2030.

Sobre as demissões na fábrica da GM, onde a montadora produz o utilitário esportivo TrailBlazer e a picape S10, O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos confirmou cortes de 54 funcionários.

A GM informou, em 2 de maio, que os desligamentos faziam “parte do processo de adequação do quadro de empregados anunciado em outubro do ano passado, e firmado em acordo coletivo”. A empresa disse que a proposta foi discutida e associada a um plano de demissão voluntária. “A medida foi necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”, acrescentou a empresa em comunicado.

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