Vocês já observaram que todo mundo que chega ao poder começa a se achar um gênio? Pode ter sido eleito pelos mais estapafúrdios motivos, mas se acha brilhante, e fica mesmo impressionado com o seu brilhantismo! Acha que o mundo depende dele, o que seria dos outros se ele não ali estivesse. O mundo, parece uma maravilha!

Marx, um dos mais controversos autores de nossos tempos, tece diferentes teorias, às vezes mesmo contraditórias. Na teoria histórica do Modo de Produção, a forma coletiva de produção e a forma individual de apropriação levam à luta de classes, que resulta no socialismo, o que não ocorreu. Na teoria econômica do Capital, o reinvestimento em capital fixo, expresso em máquinas e tecnologia, em detrimento da remuneração do trabalho, leva à diminuição da taxa de lucro e autodestruição do capitalismo, o que não ocorreu. No 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx inaugura a análise política dos grupos de interesse, em metodologia ainda hoje usual. Em Das Grundrisse, ou Os fundamentos, Marx questiona pontos de suas teorias histórica e econômica, como a passagem do feudalismo para o capitalismo, que não teria ocorrido por contradição e sim pelo desenvolvimento do mercado, e a arte grega e a lei romana, que seriam universais em todas as sociedades e modos de produção.

No Volume III do O Capital, Marx trata da alienação do poder, a inversão da ideologia no processo de dominação econômica. O que leva a pessoa ao poder é substituído por explicações desvinculadas de sua causa. Em geral, muitos sobem por uma razão, e acham que estão lá por outra. O dominante então mergulha na mais absoluta insanidade do orgulho, prenúncio certo do tropeço do amanhã.

E o eleitor? A cada eleição, enfadado de tanta pompa e prosopopeia daquele em quem ele votou, vota no oponente, em um ato repetitivo, que a nada leva, onde a história se repete.

Bolsonaro, por exemplo, foi eleito, exclusivamente, pela então falência do PT e do PSDB. Ficou tão cheio de si que se achou inteligente e imprescindível, a ponto de pensar na quebra da ordem institucional. Deu no que deu.

Elon Musk, que nunca abriu um pio em relação à China onde o “X” é proibido, ataca o Ministro Alexandre de Moraes, independentemente de qualquer juízo de valor, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, um país, devido a seus interesses pessoais, na possível desobediência a ordem judicial brasileira, em ato de alienação, sendo incluído nas investigações das fake news. Tem poder econômico, dentro de certos limites mundiais, mas superavalia a força que tem, dentro destes limites mundiais. Milei [SIC], se propõe a Elon Musk para mediar a questão entre o “X” e o Supremo Tribunal brasileiro. Pasmem! É o devaneio do devaneio no devaneio da alienação.

Que os atuais governantes não sigam o mesmo caminho. Jogar capital político fora é alienação. Pé no chão” é fundamental, ou a derrocada nas eleições.

Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago

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